Débil na fé. Ou seja, aquele que tem compreensão limitada dos princípios da justiça. Ele está ansioso para ser salvo e está disposto a fazer tudo o que crê que lhe é exigido. Mas, na imaturidade de sua experiência cristã (ver Hb 5:11-6:2) e, provavelmente, também como resultado da antiga educação e crença, ele tenta tornar certa sua salvação pela observância de regras e regulamentos que, na realidade, não lhe são obrigatórios. Para ele, essas normas assumem grande importância. Ele as considera obrigatórias para a salvação e se sente angustiado e confuso quando vê outros cristãos, especialmente aqueles que parecem ser mais experientes, não compartilharem de suas ideias.
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Em Coríntios, o problema é identificado como a ingestão de alimentos sacrificados aos ídolos. De acordo com os antigos costumes, os sacerdotes pagãos praticavam um extenso comércio dos sacrifícios de animais oferecidos aos ídolos. Paulo disse aos conversos, tanto do judaísmo como do paganismo, em Corinto que, na medida em que os ídolos não eram nada, também nada havia de errado, em si, em comer alimentos dedicados a eles: No entanto, ele explica que, devido à experiência prévia, treinamento e diferenças de discernimento espiritual, nem todos tinham esse "conhecimento" e podiam não sentir a consciência livre para consumir esses alimentos (ver com. de 1Co 8). Assim, Paulo exortou os que não tinham problemas quanto a esses alimentos a que não colocassem uma pedra de tropeço no caminho de um irmão mediante o consumo dos mesmos (Rm 14:13). Sua admoestação, portanto, está em harmonia com a decisão do concílio de Jerusalém e, sem dúvida, lança luz sobre pelo menos uma das razões pelas quais o concílio tomou essa posição sobre o assunto (ver com. de At 15). Por receio de escandalizar outros, alguns cristãos se abstinham de alimentos cárneos, o que significa que sua alimentação era restrita a "legumes", isto é, vegetais (cf. Rm 14:2). Paulo não trata de alimentos prejudiciais à saúde. Ele não afirma que o cristão amadurecido na fé pode comer qualquer coisa, independentemente do efeito sobre seu bem-estar físico. Ele já havia deixado claro (Rm 12:1) que o verdadeiro crente fará com que seu corpo seja conservado santo e agradável a Deus como um sacrifício vivo. Aquele que é maduro na fé considera um ato de adoração espiritual o manter a boa saúde (Rm 12:1; ICo 10:31). Outro fato que lança luz sobre a questão é que, à primeira vista, muitos cristãos judeus compreendiam apenas vagamente que a lei cerimonial tinha sido cumprida em Cristo (ver com. de Cl 2:14-16) e que, a partir de então, já não era obrigatória. Na verdade, os primeiros cristãos não foram chamados a cessar abruptamente a participação nas festas judaicas anuais, nem a repudiar de uma só vez todos os rituais cerimoniais. Os judeus deveriam observar sete sábados cerimoniais anuais. O próprio Paulo participou de uma série de festas depois de sua conversão (At 18:21; etc). Embora houvesse ensinado que a circuncisão não era nada (ICo 7:19), ele providenciou para que Timóteo fosse circuncidado (At 16:3) e concordou em cumprir um voto de acordo com as determinações do antigo código (At 21:20-27). Em face das circunstâncias, parecia melhor que as práticas da lei cerimonial judaica desaparecessem gradualmente, conforme a mente e a consciência fossem iluminadas. Assim, era inevitável que entre os cristãos judeus surgissem dúvidas sobre a conveniência de observar certos "dias" e feriados judeus, em conexão com suas festas anuais (ver Lv 23:1-44; ver com. de Cl 2:14-17). Diante desses fatos, torna-se evidente que Paulo, em Romanos 14, não deprecia a alimentação de "legumes" (vegetais), nem rejeita a milenar distinção bíblica entre carnes limpas e imundas, nem exclui o sábado do sétimo dia da lei moral (ver com. de Rm 3:31). Portanto, quem alega isso enxerga nos argumentos de Paulo algo que ele não defende. De fato, Paulo não ensina nem mesmo sugere a abolição do sábado do sétimo dia.
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Em Romanos 14:1 a 15:14, Paulo exorta cristãos amadurecidos a levar em conta problemas de seus irmãos débeis. Em Romanos 12 e 13, ele mostra que a fonte da unidade e da paz na igreja é o genuíno amor cristão. Esse mesmo amor e respeito mútuos assegurarão harmonia contínua entre o corpo crentes, a despeito das opiniões divergentes das restrições em matéria de religião.
Fonte: CBASD - Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 6, p. 698 - 700.
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