sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Juízes 17 - Mica, o levita e o ídolo


A leitura de comentários bíblicos traz luz ao enredo de Juízes 17 e 18:
Esta história foi registrada quando já havia sido estabelecida a monarquia em Israel (17:6, 18:1) e descreve fatos ocorridos fora da ordem cronológica dos acontecimentos descritos em Jz. 1 a 16 (Jz. 18:1 registra que a tribo de Dã ainda não havia se apossado de sua terra), “possivelmente, durante o tempo dos anciãos que seguiram a Josué (Jz 2:6-19) ... anterior ao juizado de Otniel.” CBASD, vol.2, p. 419 e 425.
“Os capítulos 17-21 distinguem-se dos demais do livro de Juízes. Não obedecem qualquer sequência cronológica. Os acontecimentos não tem indícios de data. A seção é um apêndice do livro.” Bíblia Shedd, sobre Jz. 17:1.

Uma senhora rica, provavelmente viúva, ao ver que se lhe tinham roubado 13 quilos de prata (a mesma quantia de Jz. 16:15), proferiu uma maldição sobre o ladrão, que no caso, era seu próprio filho. Este, apavorado, por medo da maldição, devolveu o dinheiro. 
As maldições estavam ligadas ao culto das divindades cananéias e eram encaradas como um agente do mal e não poderiam ser retiradas. Para que a maldição não caísse sobre seu filho, ela dedica todo o dinheiro ao Senhor, mas se arrepende e utiliza menos de um quinto do total para dedicar a Ele imagens, justamente o que havia sido terminantemente proibido em toda a Torá. Estes fatos demonstram as terríveis consequências do sincretismo religioso com as religiões cananéias, fruto da acomodação em não expulsar os moradores da terra, como o Senhor havia claramente ordenado.
“Nota-se a apostasia completa de Israel, nas áreas civil, moral e religiosa, nesta última seção do livro. ... Como a estola sacerdotal [v. 5] (cf. Êx. 28:15,30), os terafins [os ídolos do lar do v. 4, Gn 31:19,30; 35:4] eram empregados na adivinhação. Este trecho marca até que ponto o povo de Deus decaíra dos princípios revelados na palavra do Senhor (cf. Êx. 20:4; Nm 3.10, etc.)” Bíblia Shedd, sobre Jz. 17:4.

O maior pecado relatado neste capítulo, entretanto, era do levita, sobre cuja tribo repousava a responsabilidade de ensinar ao povo a vontade e caráter do Senhor e para tanto estavam espalhados nas 48 cidades levíticas de Israel (Nm 35:1ss; Js 21.1ss). Israel se descuidara no sustento aos levitas (isto revela que não mais ofertavam nem dizimavam ao Senhor), o que explica a peregrinação do levita (Jz. 17:8).  
“A oferta de um salário, com moradia, roupas e comida iam além do limite de resistência desse levita (v. 11). Fica claro que as considerações materiais fundamentaram sua decisão, pois posteriormente aceita uma oferta ainda mais atraente (18.19,20)” Bíblia de Estudo NVI.
Teria sido muito melhor ao levita viver na extrema pobreza que ter sobre si a responsabilidade de validar um culto idólatra que trouxe maldição espiritual e política às tribos do norte, por dinheiro e influência. Que lição para os dias de hoje!

2 comentários: