domingo, 27 de maio de 2012

Gênesis 41 - domingo, 27.05.2012 - comentado




1 Passados dois anos completos, Faraó teve um sonho. Parecia-lhe achar-se ele de pé junto ao Nilo.
2 Do rio subiam sete vacas formosas à vista e gordas e pastavam no carriçal.
3 Após elas subiam do rio outras sete vacas, feias à vista e magras; e pararam junto às primeiras, na margem do rio.
4 As vacas feias à vista e magras comiam as sete formosas à vista e gordas. Então, acordou Faraó.
5 Tornando a dormir, sonhou outra vez. De uma só haste saíam sete espigas cheias e boas.
6 E após elas nasciam sete espigas mirradas, crestadas do vento oriental.
7 As espigas mirradas devoravam as sete espigas grandes e cheias. Então, acordou Faraó. Fora isto um sonho.
8 De manhã, achando-se ele de espírito perturbado, mandou chamar todos os magos do Egito e todos os seus sábios e lhes contou os sonhos; mas ninguém havia que lhos interpretasse.
9 Então, disse a Faraó o copeiro-chefe: Lembro-me hoje das minhas ofensas.
10 Estando Faraó mui indignado contra os seus servos e pondo-me sob prisão na casa do comandante da guarda, a mim e ao padeiro-chefe,
11 tivemos um sonho na mesma noite, eu e ele; sonhamos, e cada sonho com a sua própria significação.
12 Achava-se conosco um jovem hebreu, servo do comandante da guarda; contamos-lhe os nossos sonhos, e ele no-los interpretou, a cada um segundo o seu sonho.
13 E como nos interpretou, assim mesmo se deu: eu fui restituído ao meu cargo, o outro foi enforcado.
14 Então, Faraó mandou chamar a José, e o fizeram sair à pressa da masmorra; ele se barbeou, mudou de roupa e foi apresentar-se a Faraó.
15 Este lhe disse: Tive um sonho, e não há quem o interprete. Ouvi dizer, porém, a teu respeito que, quando ouves um sonho, podes interpretá-lo.
16 Respondeu-lhe José: Não está isso em mim; mas Deus dará resposta favorável a Faraó.
17 Então, contou Faraó a José: No meu sonho, estava eu de pé na margem do Nilo,
18 e eis que subiam dele sete vacas gordas e formosas à vista e pastavam no carriçal.
19 Após estas subiam outras vacas, fracas, mui feias à vista e magras; nunca vi outras assim disformes, em toda a terra do Egito.
20 E as vacas magras e ruins comiam as primeiras sete gordas;
21 e, depois de as terem engolido, não davam aparência de as terem devorado, pois o seu aspecto continuava ruim como no princípio. Então, acordei.
22 Depois, vi, em meu sonho, que sete espigas saíam da mesma haste, cheias e boas;
23 após elas nasceram sete espigas secas, mirradas e crestadas do vento oriental.
24 As sete espigas mirradas devoravam as sete espigas boas. Contei-o aos magos, mas ninguém houve que mo interpretasse.
25 Então, lhe respondeu José: O sonho de Faraó é apenas um; Deus manifestou a Faraó o que há de fazer.
26 As sete vacas boas serão sete anos; as sete espigas boas, também sete anos; o sonho é um só.
27 As sete vacas magras e feias, que subiam após as primeiras, serão sete anos, bem como as sete espigas mirradas e crestadas do vento oriental serão sete anos de fome.
28 Esta é a palavra, como acabo de dizer a Faraó, que Deus manifestou a Faraó que ele há de fazer.
29 Eis aí vêm sete anos de grande abundância por toda a terra do Egito.
30 Seguir-se-ão sete anos de fome, e toda aquela abundância será esquecida na terra do Egito, e a fome consumirá a terra;
31 e não será lembrada a abundância na terra, em vista da fome que seguirá, porque será gravíssima.
32 O sonho de Faraó foi dúplice, porque a coisa é estabelecida por Deus, e Deus se apressa a fazê-la.
33 Agora, pois, escolha Faraó um homem ajuizado e sábio e o ponha sobre a terra do Egito.
34 Faça isso Faraó, e ponha administradores sobre a terra, e tome a quinta parte dos frutos da terra do Egito nos sete anos de fartura.
35 Ajuntem os administradores toda a colheita dos bons anos que virão, recolham cereal debaixo do poder de Faraó, para mantimento nas cidades, e o guardem.
36 Assim, o mantimento será para abastecer a terra nos sete anos da fome que haverá no Egito; para que a terra não pereça de fome.
37 O conselho foi agradável a Faraó e a todos os seus oficiais.
38 Disse Faraó aos seus oficiais: Acharíamos, porventura, homem como este, em quem há o Espírito de Deus?
39 Depois, disse Faraó a José: Visto que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão ajuizado e sábio como tu.
40 Administrarás a minha casa, e à tua palavra obedecerá todo o meu povo; somente no trono eu serei maior do que tu.
41 Disse mais Faraó a José: Vês que te faço autoridade sobre toda a terra do Egito.
42 Então, tirou Faraó o seu anel de sinete da mão e o pôs na mão de José, fê-lo vestir roupas de linho fino e lhe pôs ao pescoço um colar de ouro.
43 E fê-lo subir ao seu segundo carro, e clamavam diante dele: Inclinai-vos! Desse modo, o constituiu sobre toda a terra do Egito.
44 Disse ainda Faraó a José: Eu sou Faraó, contudo sem a tua ordem ninguém levantará mão ou pé em toda a terra do Egito.
45 E a José chamou Faraó de Zafenate-Panéia e lhe deu por mulher a Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om; e percorreu José toda a terra do Egito.
46 Era José da idade de trinta anos quando se apresentou a Faraó, rei do Egito, e andou por toda a terra do Egito.
47 Nos sete anos de fartura a terra produziu abundantemente.
48 E ajuntou José todo o mantimento que houve na terra do Egito durante os sete anos e o guardou nas cidades; o mantimento do campo ao redor de cada cidade foi guardado na mesma cidade.
49 Assim, ajuntou José muitíssimo cereal, como a areia do mar, até perder a conta, porque ia além das medidas.
50 Antes de chegar a fome, nasceram dois filhos a José, os quais lhe deu Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.
51 José ao primogênito chamou de Manassés, pois disse: Deus me fez esquecer de todos os meus trabalhos e de toda a casa de meu pai.
52 Ao segundo, chamou-lhe Efraim, pois disse: Deus me fez próspero na terra da minha aflição.
53 Passados os sete anos de abundância, que houve na terra do Egito,
54 começaram a vir os sete anos de fome, como José havia predito; e havia fome em todas as terras, mas em toda a terra do Egito havia pão.
55 Sentindo toda a terra do Egito a fome, clamou o povo a Faraó por pão; e Faraó dizia a todos os egípcios: Ide a José; o que ele vos disser fazei.
56 Havendo, pois, fome sobre toda a terra, abriu José todos os celeiros e vendia aos egípcios; porque a fome prevaleceu na terra do Egito.
57 E todas as terras vinham ao Egito, para comprar de José, porque a fome prevaleceu em todo o mundo.


Texto de hoje do Blog da Bíblia (http://revivedbyhisword.org/en/bible/gen/41/):
Gên. 41 continua diretamente o mesmo tema de Gên. 40. Após dois anos na prisão, em parte devido ao esquecimento do copeiro, nós temos uma história que lembra o sonho de Nabucodonosor: os dois reis tiveram sonhos que os mágicos e os sábios não puderam interpretar e ambos os sonhos foram interpretados por um cativo judeu. Eu suspeito que tão logo o copeiro de lembrou de José, falou do caráter e talentos de José para Faraó. Seria razoável que antes de chamar José somente com base na história do copeiro, o rei tenha checado a informação com os oficiais da prisão. Portanto, o rei teria testemunho tanto do caráter quanto dos talentos de José. Adicionalmente, devido ao bom relacionamento com a liderança da prisão, não seria surpreendente que eles tivessem falado bem dele ao rei. Quão tentador poderia ser, após dois MAIS anos de cativeiro por um crime que nunca cometeu, tentar favorecer-se perante a corte alterando e ajustando a mensagem para que ela pareça mais aceitável e atraente para o rei. Ele poderia ter proclamado apenas os sete anos de fartura, ignorando a fome, ou talvez poderia ter aplicado os sete anos de fome para outro ou algo semelhante. Mas José não alterou a mensagem para cortejar o favor do rei. Ele a entregou precisa e completa embora, certamente, com todo o tato e respeito possíveis. Novamente vemos aqui José superar a preocupação egoísta de Judá em projetar uma imagem politicamente favorável. Isto é reforçado pela resposta imediata de José a Faraó de que ele não tinha capacidade de interpretar sonhos. Foi dom de Deus que isto pudesse ser possível. A humildade, integridade e caráter de José que brilharam em contraste com a personalidade camaleão de Judá.
Do mesmo modo como com Potifar, José é promovido ao poder e feito igual a Faraó, exceto quanto aos assuntos do trono. Em tudo isso, não vemos qualquer sinal de restos de amargura ou malícia.
José  sofreria pelo seu quase assassinato pelos seus irmãos, sequestrado e vendido como escravo pelos seus irmãos, falsamente acusado de tentativa de estupro, aprisionado injustamente por uma acusação falsa, mas, mesmo assim, irá atribuir tudo á providencial condução de Deus para preparar salvação para sua família da fome. Transparece que José tinha uma fé simples e inabalável de que Deus iria de alguma forma resolver as injustiças ao Seu bom tempo. Tal fé permite que se tenha graça em face da injustiça e maus tratos.

Stephen Bauer
Professor de Teologia e Ética
Universidade Adventista do Sul
Collegedale, Tennessee, EUA




Comentários bíblicos selecionados:
8 Como Nabucodonosor, séculos após, Faraó não pode encontrar um intérprete de sonhos adequado (Dan. 2:10). Mas ele conseguiu contar o sonho aos especialistas (Andrews Study Bible).


14 Os rituais de se lavar, barbear e vestir geralmente marcam a transição de um estado a outro (p. ex., os filhos de Araão durante o ritual de ordenação de sacerdotes; Lev. 8:6-13) (Andrews Study Bible).


16 A resposta de José é corajosa, considerando o fato de que os faraós eram considerados deuses (Andrews Study Bible).

17-31 Apesar de longos períodos de fome serem relativamente raros no Egito devido à regularidade do fluxo anual do Nilo, sete anos de fome estão bem documentados em fontes egípcias e outras (2 Sam. 24:13) (Andrews Study Bible).

33-36 José ousa aconselhar Faraó, apesar de não ter sido solicitado a fazê-lo. Agora. Sempre marca a transição entre fato e moral da história (Andrews Study Bible).

45 Zafenate-Panéia. Uma reconstrução do nome egípcio poderia ser "meu sustento é Deus, o que vive". Mudança de nome indica autoridade e também uma nova identidade (Dan. 1:7) (Andrews Study Bible).
Om. Isto é, Heliópolis; também no versículo 50  (Bíblia NVI). [Pelo casamento com José, a filha do sacerdote do culto ao sol se tornou adoradora do Deus vivo. O culto aos astros - que gerou a astrologia, ligada hoje ao movimento Nova Era - se opôs em todas as eras ao culto ao Deus criador. Observe o sentido da palavra Sunday]

46-52 Anos de plenitude se refletiram na vida pessoal de José: ele se casa com a filha de um influente oficial e tem dois filhos. Note que em contraste com as matriarcas anteriores, é ele quem dá nome aos filhos (Andrews Study Bible).

53-57 Uma fome regional chega como previsto, mas devido ao sábio conselho de José e sua administração, o Egito tem abundância de comida e alcança poder internacional (Andrews Study Bible).


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